Riding Scott Scale

Cadencia

Como é a tua cadencia? Éss um spinner ou um smacher.. ou seja, rolas com pouca força e muita rotação ou com muita força e pouca rotação?
Ultimamente tenho tido esse problema.. tenho pulmões, tenho resistencia, tenho pernas, mas nas subidas nao consigo ter uma cadencia consistente..
Fica aqui um artigo que vos pode esclarecer algumas duvidas e melhorar o vosso treino.

"Eficácia… anatomia/ergonomia, comportamento da bicicleta, tipo de pedalada… etc…

Para muitos, tudo pertence a um mundo extra-terreste para uns. Um abicicleta? Epá… uma bike é aquela cena, tas a ver… 2 rodas e o “caraças”… pedalas e já tá! Ahhh… mas agora já há umas bikes bué loucas… daquelas que entram nos Morangos… como é que se chamam?
Downhill…
Isso, isso… essas bikes já são bué complicadas… bué suspensões, e aquelas cenas todas.
Tirando esta conversa típica de quem entende como se pedala... mas também não deseja ir mais além, tento humildemente explicar um pouco da mecânica da pedala...

Para muitos iniciados e talvez veteranos uma bike é um instrumento que é mais importante saber andar, do que perceber como se pode melhorar, e existem bikes mais equilibradas, pensadas, e idealizadas, conseguindo maximizar todo o nosso potêncial.
Talvez este post interesse mais do ponto de vista... teórico, do que outra coisa. Não sei se existem por aqui treinadores, atletas de alta competição... ou até mesmo estudantes de medicina desportiva (que poderiam dar ajudas espectaculares).
O que se pretende, é apenas dar uma visão científica, de algo que muitas vezes... "nem pensamos nela"!


Centro-me apenas na zona do pé. Ou seja… vou dissociar o pé da perna e estudar toda a transmissão de potência desde esse ponto ao eixo da pedaleira.

Poderão depois de analisar um pouco, como proceder ao ajuste do cleat... e discutirmos de forma a todos evoluirmos mais um pouco. De pouco vale, dar toda a papinha feita.
Gostaria de salientar e adverter que nem sempre a máxima eficácia é o mais correcto do ponto de vista ergonómico ou físico. Terá de se ter em atenção a fisionomia individual e não esforçar nada relacionado com articulações e tendões. A posição deve ser encontrada de forma natural para que seja o mais confortável e eficaz, sem descorar a saúde.
Atenção a isso!

O pé, como se pode observar na imagem em baixo, pode ser dividido em 2 partes


Podemos observar que existem 2 coisas importantes:
O braço de potência que é basicamente a distância do fulcro ao tornozelo ou calcanhar
O braço de carga que é a distância entre o tornozelo ao fim dos ossos metatarsos (junto da ligação pé-dedos).

E aqui, é basicamente uma questão mecânica, podendo ver que quanto maior for a braço de potência, mais força iremos ter para empurrar os pedais. Como isto é um pouco difícil de mudar (para não dizer impossível!) focaremos apenas no braço de carga que pode ser regulado colocando os cleats mais à frente ou mais atrás.

Existe outro ponto que é importante focalizar que é o ângulo entre a horizontal e o pé, este pode e deve ser controlado e devemos treinar de forma a conseguir sempre o melhor posicionamento. Ao princípio poderá ser chato, termos sempre que auto-corrigir, mas valerá a pena o esforço (penso eu!).
O ângulo do pé em relação às manivelas deveria estar sempre ligeiramente perpendicular, com a finalidade de podermos "utilizar" toda a força por nós efectuada, maximizando assim toda a nossa força.
O que se pretende aqui, é que não haja decomposição de forças, e que toda ou grande parte da nossa força seja transmitida para impulsionar a bike.
Tal não será possível do ponto físico devido à limitação que temos da rotação do pé.
No entanto devemos ter em atenção essa inclinação na zona onde podemos transmitir maior binário.
E trata-se da região próxima dos cranks estarem paralelos ao solo (imaginando o pé direito à frente, e colocando as manivelas paralelas com o solo).
Aqui e junto a esta zona devemos treinar a pedalada para de certa forma estarmos prependiculares aos cranks.

Por isso, basicamente é treinar:

- A pedalada a subir (puxar os pedais) ou seja, enquanto num pedal o empurramos, devemos puxar o outro pedal
- A inclinação do pé, relativamente aos cranks, com especial atenção à zona de maior binário (paralelo com o solo)
- Experimentar diferentes posições dos cleats, e treinar o que acima está descrito.

Gostaria mais uma vez de frisar que nada de ser efectuado com o aparecimento de dores. Podem levar a lesões, e algumas bastante graves.

Boas pedaladas, e examinem os quadros e gráficos. Poderemos comentar no forum.


O quadro mostra os vários pontos:

A verde- com uma força de 30 kg, variando o ângulo (valores de 0º a 35º), podemos ver que concequências nos trás na força efectiva, aquela que fará binário.
A Azul - podemos ver a diferença no tamanho do pé (atenção, é colocado a mesma força, o que poderá não acontecer!) E não se esqueçam... quanto mais alto --> mais pesado --> mais músculo --> mais peso (ciclo vicioso).
A amarelo - a variação da força no pedal.



Nesta imagem, podemos ver as diferenças entre os vários tipos de medidas de cranks, mantendo sempre a mesma força.
Existe um contratempo, que é a redução da altura ao solo (curvar... e rodar sobre terreno muito acidentado). Como já se referiu, é sempre um compromisso!
E o gráfico apresenta, a potência ao longo da rotação dos pedais.
Aqui somou-se o binário efectuado com o pé que vai para baixo com outro a ir para cima, e pressupos termos uma cadência constante.
Como é normal, quanto mais rotação fizermos, menos força é preciso fazer nos pedais, para fazermos a mesma potência.
Nota que os 90º correspondem aos pedais quase na vertical (existe algumas discuções que só acontece quando as manivelas estão no mesmo ângulo que o tubo de selim).
Aqui é onde o ROTOR, "ganha" potência, anulando o ponto morto. Penso que é um sistema a ter em conta em corridas longas! E embora não seja comerciante, penso que as novas cremelheiras deles, funcionam na perfeição (embora faça lembrar o antigo - BIOPACING da "XY MANO")


Espero que tenham gostado da leitura, que não me tenha perdido... e acima de tudo, que crie discução salutar!"